Censo 2022: Número de católicos recua 8% e evangélicos crescem e representam 20% da população na Paraíba

A proporção de católicos na Paraíba caiu nos últimos 12 anos, mas a religião ainda permanece como a mais declarada pela população, segundo dados do Censo Demográfico 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (6). De acordo com o levantamento, 68,96% dos paraibanos com 10 anos ou mais de idade se identificam como católicos apostólicos romanos, o que equivale a 2.367.779 pessoas. Em 2010, o percentual era de 77,3%.

Ao mesmo tempo, houve crescimento expressivo da população evangélica, que saltou de 14,9% para 20,77% entre 2010 e 2022 — um aumento de 24,88%. O número de pessoas que declararam não ter religião também aumentou, passando de 5,6% para 6,15%.

Entre os demais grupos religiosos, os dados indicam que 3,03% dos paraibanos seguem outras religiosidades, 0,64% se declaram espíritas, 0,3% seguem umbanda ou candomblé e 0,05% aderem a tradições indígenas. Outros 0,09% disseram não saber ou preferiram não declarar.

No Nordeste, a Paraíba aparece como o terceiro estado com maior percentual de católicos, atrás apenas do Piauí (77,43%) e do Ceará (70,4%). Em relação à população evangélica, o estado tem a quarta menor proporção da região, com 20,77%.

A análise dos dados por faixa etária mostra que o catolicismo é mais forte entre idosos: 79,7% das pessoas com 80 anos ou mais se declararam católicas. Já entre os jovens de 15 a 19 anos, os evangélicos atingiram seu maior percentual (23,5%). Pessoas sem religião foram mais frequentes entre os que têm entre 25 e 29 anos (10,1%).

Quanto à distribuição por cor ou raça, os católicos predominam em todos os grupos, com maior presença entre os brancos (70,3%) e menor entre indígenas (59,3%). Já os evangélicos são mais numerosos entre os autodeclarados amarelos (22,8%), que também concentram o maior índice de pessoas sem religião (19,9%).

As maiores taxas de analfabetismo foram registradas entre católicos (16,9%) e pessoas sem religião (11,4%). Já os espíritas apresentam os melhores indicadores educacionais, com apenas 2% de analfabetos e 56,2% com ensino superior completo. Entre os católicos, apenas 13,5% têm nível superior, enquanto entre os evangélicos esse índice é de 32,2%.

Nas duas maiores cidades da Paraíba, o catolicismo também é predominante. Em João Pessoa, 55,42% da população se declara católica e 29,08% evangélica. Já em Campina Grande, 56,4% são católicos e 28,52% evangélicos. Em ambas, cerca de 8% da população afirma não ter religião.

Cenário nacional

A proporção de evangélicos na população brasileira continua crescendo, segundo dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mostra que 26,9% dos brasileiros, ou seja, mais de um quarto da população, se identificavam como seguidores dessa denominação religiosa.

O Censo incluiu no levantamento apenas pessoas com 10 anos ou mais de idade.

O grupo dos evangélicos foi o que mais cresceu entre 2010 e 2022 (5,3 pontos percentuais), segundo o IBGE, já que, segundo o Censo anterior, de 2010, eles representavam 21,6% dos brasileiros, um pouco mais de um quinto da população.

“Os evangélicos estão se impondo mais na sociedade, colocando mais seus valores, suas ideias, sua fé”, afirma a pesquisadora da IBGE Maria Goreth Santos.

Apesar disso, o instituto mostrou que o ritmo de crescimento dessa religião caiu. De 2000 para 2010, por exemplo, a alta havia sido de 6,5 pontos percentuais (de 15,1% para 21,6%). De 1991 para 2000, o avanço tinha sido de 6,1 pontos percentuais (de 9% para 15,1%).

Os sem religião, que incluem qualquer pessoa que não se identifica com nenhuma denominação e aquelas que não têm qualquer fé (ateus e agnósticos), também cresceram, de 7,9%, em 2010, para 9,3%, em 2022.

“Se a pessoa se declara sem religião, a gente registra que é sem religião, mas não tem uma pergunta que busque especificar por que motivo a pessoa se declarou sem religião”, afirma o também pesquisador do IBGE Bruno Perez.

Outro fenômeno percebido pela pesquisa foi o crescimento das religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé, que passaram de 0,3% em 2010 para 1% em 2022.

“Um movimento tem sido feito nos últimos contra a intolerância religiosa. E essas pessoas estão se colocando como umbandistas, candomblecistas, estão se voltando para essa religiosidade. A gente pode ter também uma migração das pessoas [que já seguiam essas religiões, mas] que se declaravam como espíritas ou como católicas, em função do medo ou da vergonha de se declararem como umbandistas ou candomblecistas”, destaca Maria Goreth.

Católicos

Por outro lado, os católicos apostólicos romanos recuaram no país, de 65%, em 2010, para 56,7%, em 2022. A queda da participação dos católicos no total da população do Brasil vem sendo registrada em toda a série histórica do levantamento, iniciada em 1872.

Naquele ano, por exemplo, eles representavam a quase totalidade da população (99,7%). Em 2000, passaram a ser três quartos da população (74,1%), chegando a dois terços em 2010 e se aproximando da metade, em 2022.

O Nordeste e o Sul eram as regiões com maior participação de católicos, em 2022: 63,9% e 62,4%, respectivamente. Já o Norte tinha a menor participação: 50,5%. No Centro-Oeste e no Sudeste, os percentuais eram de 52,6% e 52,2%, respectivamente.

Os católicos ainda eram maioria em 4.881 municípios brasileiros. Em 20 deles, dos quais 14 estão no Rio Grande do Sul, os católicos superavam 95%. As maiores proporções estavam naqueles locais gaúchos com imigração italiana e/ou polonesa: Montauri, Centenário, União da Serra e Vespasiano Corrêa.

Entre aqueles municípios com mais de 100 mil habitantes, Crato (CE) tinha a maior proporção de católicos em 2022 (81,3%).

Analisando-se as unidades da federação, a maior proporção de católicos apostólicos romanos foi observada no Piauí (77,4%), enquanto a menor foi registrada em Roraima (37,9%).

De acordo com o Censo, a proporção de católicos aumenta de acordo com a idade, a partir 30 anos. Entre os que têm 20 a 29 anos, por exemplo, 51,2% diziam seguir essa denominação. Na população com 80 anos ou mais, o percentual chegava a 72%.

Evangélicos

A distribuição dos evangélicos por faixa etária é mais uniforme, mas é um pouco maior entre as faixas etárias mais jovens. Entre aqueles que têm de 10 a 14 anos, por exemplo, 31,6% declararam ter essa religião, em 2022.

O percentual varia entre 27,5% e 28,9%, na faixa de 15 a 49 anos. A partir daí, os evangélicos têm ligeira queda conforme a idade avança, chegando à parcela de 19% entre aqueles com 80 anos ou mais.

A Região Norte possuía maior proporção de evangélicos na população (36,8%), seguida pelo Centro-Oeste (31,4%). Sudeste e Sul tinham, respectivamente, 28% e 23,7%. O Nordeste apresentava a menor proporção: 22,5%.

Entre os estados com maior população de evangélicos, destaca-se o Acre (44,4%). Piauí tinha a menor proporção de seguidores dessa denominação na sua população (15,6%).

Os evangélicos eram maioria da população em apenas 58 municípios, com destaque para aqueles de colonização alemã/pomerana: Arroio do Padre (RS), Arabutã (SC) e Santa Maria de Jetibá (ES). Em 244 municípios, eles não eram maioria, mas representavam a principal religião. Manacapuru (AM) era o município com mais de 100 mil habitantes que registrou a maior proporção de evangélicos (51,8%).

Outras denominações

O Censo mostrou ainda o crescimento de pessoas que declaram ter outras religiosidades (como judaísmo, islamismo, budismo, tradições esotéricas ou várias religiões), que passaram de 2,7%, em 2010, para 4%, em 2022; e tradições indígenas (de 0 para 0,1% no período).

Os espíritas, por outro lado, reduziram sua presença na matriz religiosa brasileira, passando de 2,1% para 1,8%, entre os dois censos.

Em 2022, Roraima era o estado com maior proporção de pessoas com tradições indígenas na população (1,7%), de outras religiosidades (7,8%) e sem religião (16,9%). Neste último caso, o posto é dividido com o Rio de Janeiro, que também possuía 16,9% de pessoas sem religião. O Rio também tinha a maior proporção de espíritas na população (3,5%).

Já o Rio Grande do Sul apresentou a maior proporção de praticantes de umbanda, candomblé e outras religiões de matriz africana (3,2%).

 

RELIGIÕES NO BRASIL 2010 2022
Católica apostólica romana 65% 56,7%
Evangélicas 21,7% 26,9%
Espírita 2,1% 1,8%
Umbanda e candomblé 0,3% 1%
Tradições indígenas 0 0,1%
Outras religiosidades 2,7% 4%
Sem religião 7,9% 9,3%
Não sabe/sem declaração 0,1% 0,2%

Fonte: IBGE

Cor e sexo

De acordo com o IBGE, as mulheres eram maioria em quase todos os grupos de religiões, em 2022, com exceção das pessoas sem religião, em que os homens representavam 56,2%, e de tradições indígenas, onde os homens eram 50,9%.

No catolicismo, elas representavam 51% do total dos seguidores desta religião, percentual inferior à participação feminina na população total com mais de 10 anos (51,8%).

O grupo com maior percentual de mulheres é o de espíritas, em que elas representavam 60,6% do total. Em seguida, aparece o grupo umbanda e candomblé, em que elas eram 56,7%. Entre os evangélicos, elas respondiam por 55,4% do total de fiéis.

Em 2022, o catolicismo predominou em todas as categorias de cor ou raça. Dentre os que se declararam brancos, 60,2% se identificavam como católicos apostólicos romanos, 23,5% como evangélicos e 8,4% como sem religião.

Entre as pessoas que se declararam pretas, 49% eram católicas, 30% evangélicas e 12,3% sem religião. Já entre os pardos, as proporções eram de 55,6% de católicos, 29,3% de evangélicos e 9,3% sem religião.

O Censo mostrou que a população com maior percentual de evangélicos são os indígenas (32,2%). Entre eles, 42,7% são católicos e apenas 7,6% seguem as tradições religiosas indígenas.

Escolaridade

No recorte de escolaridade, o Censo observou que, entre aqueles com 15 anos ou mais, a maior taxa de analfabetismo foi observada naqueles que seguem tradições indígenas (24,6%) e nos católicos (7,8%). Entre os evangélicos, que aparecem em terceiro lugar, a taxa era de 5,4%.

Nos demais grupos, a taxa era de 5,3% para os sem religião, de 3% para outras religiosidades, de 2,4% para umbanda e candomblé e 1% para os espíritas.

Analisando-se a escolaridade da população com 25 anos ou mais, o Censo constatou que o grupo religioso com maior número de pessoas com ensino superior completo era o de espíritas (48%), seguido por umbanda e candomblé (25,5%), outras religiosidades (23,6%) e sem religião (20,5%).

Entre os católicos, o percentual era de 18,4%, enquanto que, entre os evangélicos, era de 14,4%. No grupo daqueles que declararam seguir tradições indígenas, 12,2% tinham ensino superior completo.

As proporções de pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto em cada grupo de religião foram: espíritas (11,3%), umbanda e candomblé (19,9%), outras religiosidades (23,6%), sem religião (30,1%), evangélicos (34,9%), católicos (38%) e tradições indígenas (53,6%).