Gaza enfrenta ‘pior cenário possível de fome’, diz órgão de segurança alimentar ligado à ONU

A Classificação Integrada de Fases da Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês) emitiu um alerta de que “o pior cenário possível de fome está atualmente se concretizando na Faixa de Gaza”.

O documento, produzido por uma revisão técnica apoiada pela ONU, afirma:

“Crescentes evidências mostram que a fome generalizada, a desnutrição e as doenças estão provocando um aumento nas mortes relacionadas à fome.”

“Dados mais recentes indicam que os limiares de fome foram atingidos em relação ao consumo de alimentos na maior parte da Faixa de Gaza e em relação à desnutrição aguda na Cidade de Gaza.”

Em maio, o IPC já havia alertado que os cerca de 2,1 milhões de palestinos vivendo em Gaza estavam em “risco crítico” de fome e enfrentavam “níveis extremos de insegurança alimentar”.

Apesar da gravidade, o novo alerta não representa uma declaração formal de fome em Gaza. O IPC informa que fará uma nova análise “sem demora”.

Líderes da ONU pedem cessar-fogo imediato e mais ajuda humanitária

Na véspera da publicação do alerta, diversas autoridades de alto escalão das Nações Unidas se manifestaram sobre a situação em Gaza:

  • António Guterres, secretário-geral da ONU: “A destruição total de Gaza é intolerável. Deve parar.”
  • Tom Fletcher, chefe humanitário da ONU: “Os próximos dias serão decisivos. Precisamos entregar ajuda em uma escala muito, muito maior. São necessárias quantidades vastas de ajuda entrando com muito mais rapidez.”
  • Ben Majekodunmi, chefe de gabinete da agência da ONU para refugiados palestinos (Unrwa): “Palavras de indignação e condenação já não são suficientes diante do que está acontecendo. É preciso ação imediata para impor um cessar-fogo há muito necessário, reverter a fome crescente e libertar todos os reféns.”

Tanto Israel quanto o Hamas culpam um ao outro pela situação humanitária em Gaza.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou: “Não há fome em Gaza, nem política de fome em Gaza.”